Invenções no Turismo: mala de rodinhas

Quando pensamos em bagagens, acredito que a primeira imagem que vem à mente são as malas de rodinhas. Apesar de serem tão populares, e até uma opção óbvia para quem viaja, nem sempre foi assim.

Carregar malas: um sofrimento másculo

Se formos olhar para trás, veremos que no século 19 as malas eram na verdade grandes baús feitos de materiais pesados como madeira, metal, tecidos, e até ornamentos com pérolas e bordados. Imagine o peso disso, sem considerar o conteúdo a ser transportado. Assim, era necessário um carregador para transportar as malas de e para as carruagens, trens e navios.

Apenas no século 20 surgiram as malas de mão que se popularizaram com as viagens de carro. Ainda assim, eram pesadas, nada práticas, desconfortáveis, e quase sempre o homem carregava a bagagem das mulheres.

Em 1970 o dono de uma fábrica de malas de Massachussets, nos Estados Unidos, voltava de uma viagem em família. Inspirado nas esteiras de bagagens, ele pensou que seria uma boa colocar rodinhas nas malas, assim seria bem mais confortável de transportá-las.

A patente de sua ideia (no início, ele apenas colocou quatro rodinhas de armário e uma alça na mala) saiu em 1972, e encontrou muito mais desafios do que era esperado no mercado.

Afinal, todos nós já passamos pela situação em que precisamos carregar a bagagem nos braços, seja porque arrebentou a alça da mochila, bagagem demais e nenhum carrinho à vista ou porque as rodinhas emperraram e o vôo está saindo.

As dores nos braços e nas costas depois dessa atividade fazem a gente se sentir feliz quando estamos deslizando suavemente a mala de rodinhas pelo corredor de desembarque.

Maaaas, precisamos lembrar que as malas de rodinhas do senhor Bernard Sadow surgiram quando os ícones (masculinos) do cinema na década de 70 eram Robert Redford, Marlon Brando, Jack Nicholson, Dustin Hoffman, Robert de Niro e muitos outros que transmitiam a imagem “macho” em produções de Hollywood.

Eles eram o modelo de comportamento para a maioria dos homens, e um “homem de verdade” não precisa de rodinhas para carregar as malas, ele masca as rodinhas enquanto leva em seus ombros as próprias malas, da esposa, dos filhos, dos pais, sogros e pets (ou então coloca as malas em um carrinho de carga). Mas por exemplo, permitir que a esposa leve a própria mala, JAMAIS, que tipo de homem seria ele se isso acontecesse?

Bom, ele seria um homem do século 21. Hoje, se formos a um aeroporto, observaremos que a grande maioria não só dos passageiros, mas também das tripulações de diversas companhias aéreas utilizam malas de rodinhas. Voltando aos anos 70, na época Bernard Sadow quase não conseguiu entrar no mercado principalmente pelas razões acima. A primeira empresa a comercializar suas malas de rodinhas foi a Macy’s.

Quem conseguiu mais sucesso, no entanto, foi o piloto da Northwest Airlines, Robert Plath, em 1987, quando ele adicionou a estrutura de duas barras conectada às rodas que vemos nas malas hoje em dia.

Primeiramente, ele vendeu o modelo a seus colegas. As comissárias de bordo passaram também a carregar a nova mala de rodinhas e atraiu a atenção dos passageiros, que passaram a desejar essa novidade.

Hoje, a Travel Pro International, empresa fundada por Robert Plath quando largou seu emprego na companhia aérea, possui em seu catálogo diversos modelos de malas de rodinhas, inclusive as malas tecnológicas.

Antes deles

Antes desses dois heróis do turismo, pelo menos duas pessoas já haviam chegado à mesma solução que eles para transportar as malas por aí sem precisar de ajuda nem ter que sacrificar a saúde da coluna e dos ombros.

Anita Willets-Burnham: em 1933, pintora e escritora de Nova Iorque escreveu um livro sobre as voltas ao mundo que fez com sua família utilizando uma mala de rodinhas feita com duas rodinhas de carrinho de bebê e um suporte telesópico de madeira para movimentar a mala.

Anita e sua mala de rodinhas

Anita não patenteou sua invenção, que surgiu bem antes de Bernard Sadow e Robert Plath, mas seu modelo de mala de rodinhas se assemelha bastante com as malas que temos à disposição hoje em dia.

Herbert Mingo: Herbert Mingo foi um engenheiro de aeronaves durante a Segunda Guerra Mundial. Ele observava o trabalho dos transportadores de carga do trem que tomava diariamente, e concluiu que com rodas o serviço seria muito mais eficiente.

Desenvolveu então rodinhas presas a uma estrutura metálica, que por sua vez poderiam ser presas às malas por meio de uma tira de tecido. Infelizmente, na época, não obteve tanto sucesso em sua empreitada, pelos mesmos motivos que Bernard Sadow.

Hoje, a Portable Porter produz lindas malas rígidas, de cores vibrantes e material reciclado.

Alfred Krupa: em 1954, o inventor, pintor e esportista polonês Alfred Krupa desenvolveu a mala de rodinhas na cidade de Kralovac, Croácia. Tentou patentear sua invenção, mas devido a muitas dificuldades para registrar sua ideia, acabou desistindo.

Alfred Krupa e sua mala de rodinhas
Obra “Cavalos”, de Alfred Krupa, 1954, mesmo ano da criação da mala de rodinhas
Obra “Meu Gato”, Alfred Krupa, 1983

Espero que tenham gostado e até a próxima!

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